terça-feira, 13 de maio de 2008

Vida pra se viver, vida pra se pensar, vida pra se fazer


[por Valter Bernardo]
Estamos nós, quem? Seres humanos, animal racional (Aristóteles)? Bípede implume (Platão)? Ou cadáver adiado (Fernando Pessoa)? Dispostos, hoje em mais de seis bilhões numa “bola” de terra que chamamos terra, um planeta (planetès- vagabundo, errante) em meio a mais nove conhecidos planetas, dispostos na Via Láctea, uma galáxia disposta em um universo de cem milhões de galáxias. E de onde veio tudo isso? Há quanto tempo?

O que é a vida? Um enigma? Uma mágica? Apenas o intervalo do tempo entre nascer e morrer? Tudo? Nada? Quando ela se inicia? Na fecundação, na primeira inspiração extra-uterina ou em outro momento? Quando ela termina? Quando pára o coração? O cérebro? Ou na ultima expiração? Vivemos pra viver ou vivemos pra morrer? Morremos porque pouco (e/ou mau) vivemos, ou morremos porque vivemos o bastante? O que é a morte diante da vida? O fim, o começo ou é passagem/continuidade? O que é a eternidade diante de nós seres finitos de fins findáveis?

Respostas a tudo isso por muito tempo (pra não dizer pra sempre) serão insatisfatórias, e é bom que seja assim, um enigma perde todo o encanto ao ser decifrado.

Eis os dilemas da vida: de onde vim? Quem sou? Pra onde vou? Verdadeiros dilemas, indagações inquietantes e insolúveis. Já aquilo que temos a capacidade e possibilidades de solucionar como a fome , a miséria, a solidão, o desamor, estas são mazelas da humanidade, fruto da crueldade humana geradas nas em suas próprias idiossincrasias.
Muitos seres humanos são privados do direito de viver e por isso não vivem, e sim sobrevivem. Não podem viver pra pensar a própria vida, para escolherem o que mais lhes fazem felizes. “são alienados de seu trabalho”, e diria mais, alienados de sua própria condição de seres humanos.

O tempo médio da vida humana é de aproximadamente sessenta anos. Os primeiros vinte anos dedicados à construção das estruturas(físicas e mentais), os vinte intermediários ao aproveitamento concentrado destas e os últimos vinte anos se desmontando. Passa-se um terço da vida dormindo e um terço trabalhando. (Cortella, 2001). Mas nem sempre é assim, enquanto uns trabalham os sessenta anos outros “só vivem” durante a vida, alguns dormem uns quarenta anos, há aqueles que morrem nos primeiros vinte anos etc.
Contudo o grande flagelo humano (repito) é ser impedido de viver pra se pensar a própria vida, pensar em outras possibilidades de se viver, mais e melhor. O grito da humanidade ainda ecoa pedindo vida, vida pra se viver, vida pra se pensar, vida pra se fazer.