segunda-feira, 12 de maio de 2008

Vende-se Sensacionalismo


[por Amilton Augusto]


Caso Nardoni, Ronaldinho e travestis, Big Brother Brasil, e inúmeras notícias com pouca utilidade, bombardeiam nossas vidas. Basta ligar a televisão ou acessar algum portal de notícias, e elas, as fúteis notícias, vão explodir na sua cara. Com sensacionalismo e muita comoção, vamos todos prestar atenção arduamente e nos levar para dentro dessas intermináveis novelas fictícias. Sim! Fictícias... O que fazem as mídias de massa são ficções. Primeiramente, porque é impossível saber o que realmente aconteceu nestes casos, e as “grandes” mídias nos fazem o favor de julgar previamente, e com mais convicção que o próprio tribunal.

Deve ser imperceptível aos olhos da grande massa brasileira que centenas de pessoas, principalmente crianças, morrem diariamente no Brasil vítimas da fome, da violência, do descaso público, da injustiça social? Não é possível julgar qual crime ou qual brutalidade é mais cruel: uma criança que morre assolada pela fome no sertão, ou um pai de família que é assaltado, ou uma criança que é jogada pela janela de um prédio. Crimes bárbaros acontecem todos os dias, mas nos assombramos somente com aquilo que a mídia nos mostra como grave. Perdemos a capacidade de separar trigo do joio, de saber o que é e o que não, a imprensa faz isso para nós, ao seu gosto, é claro!

E o jogador de futebol que se envolve com homossexuais? Não somos livres? Só porque se trata de um craque do futebol e milionário, ele não pode mais ter seu momento de lazer? Onde ficam nossos direitos de ir e vir? Mais uma vez, a mídia nos conta o que é “importante” e o que não deve ser comentado... E, mais uma vez, lógico, a seu gosto! Isso tudo faz parte de uma engrenagem milionária que cria um sensacionalismo para nos prender e faturar alguns milhõezinhos. A essência humana é entregue às peculiaridades do capitalismo selvagem, inclusive a sua.

“Cem Marias para cada Madeleine”, foi este o título de um artigo que li na revista Caros Amigos, feito pela jornalista Natália Viana. Tratava-se de uma frase proferida por um redator de um jornal inglês à jornalista, referindo que a morte de uma criança européia vende mais que de cem crianças peruanas, ou seja, a realidade nos é mostrada de acordo com seu valor financeiro. Cabe a nós sabermos escolher o que ler e o que não ler, no que acreditar e no que não acreditar. Um jornalista sério para cada cem não sérios, esta é a verdadeira frase por trás da fala do inglês.